A violência doméstica é considerada um grave problema social e de saúde pública, sendo compreendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) como qualquer ato que cause danos físicos, psicológico, sexual, social e econômico, podendo incluir ameaças, coerção, manipulação ou privação arbitrária da liberdade.

Pratica este tipo de crime quem infligir maus tratos sobre o cônjuge ou ex-cônjuge, namorado(a) ou ex-namorado(a) – incluindo, também, o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

Essa problemática vem crescendo a cada ano e, estima-se que na Europa, 1 em cada 4 mulheres sofra violência física e/ou sexual por um parceiro íntimo (OMS, 2020). Trata-se de um dado alarmante, sendo inevitável pensar que na medida que existe um alto percentual de mulheres vítimas, também há um significativo percentual de homens agressores.

No Reino Unido, é possível identificar 2,1 milhões de pessoas com idades entre 16 e 59 anos que sofreram abuso doméstico entre março de 2018 e março de 2019 (1,4 milhões de mulheres e 0,7 milhões de homens). Neste mesmo período, 2,9% dessas pessoas haviam sido vítimas de agressões sexuais (incluindo tentativas), conforme o último Boletim de Crime Estatístico na Inglaterra e no País de Gales, CSEW, Dez/2019. Percebe-se que as principais vítimas são do gênero feminino – motivo pelo qual existem um maior número de serviços e campanhas voltadas para este tipo de público.

Violência Doméstica durante a pandemia

Em situações de pandemia, à medida que o distanciamento social foi implementado, é comum que o risco de violência por parceiro íntimo aumente uma vez que a vítima acaba passando mais tempo em contato com o agressor. Este aumento foi sido confirmado pela OMS (2020) que, apesar de serem ainda remotos, relatórios da China, Reino Unido, Estados Unidos e outros países evidenciaram um aumento nos casos de violência doméstica desde o início do surto do COVID-19.

Iniciativas para minimizar ou previnir a violência

  • Esta é uma das iniciativas que a comunidade pode ter a fim de minimizar a violência. Contudo, existem outras formas pelas quais as pessoas podem ajudar:
  • Manter-se em contato com a vítima, ligar ou mandar mensagens para saber como estão as coisas, tomando o cuidado para garantir a segurança de ambos;
  • Combinar um plano de segurança com a vítima para quando ela precisar de uma assistência com urgência. Neste caso, pode-se criar um código de comunicação no caso ela precisar que chame a polícia;
  • Disponibilizar a sua residência caso ela precise sair de casa imediatamente por questão de segurança.

Cabe à vítima, criar uma rede de apoio (vizinhos, amigos ou familiares e serviços especializados), ter consigo números de contatos para situações de emergência (apoio de linha direta, polícia, etc), bem como, manter o celular sempre carregado e deixar documentos próprios e dos filhos, cartões, dinheiro, certidões, entre outros, sempre à vista.

Como a Psicologia pode ajudar

Neste sentido, é de suma importância que a vítima busque, também, por um suporte psicológico a fim de compreender melhor a situação em que se encontra e aprender a se defender, colocando limites nas situações que surgirem. É comum a vítima ter sentimentos de culpa, medo e fracasso – sentimentos que, muitas vezes, pode ser paralisante e que estão intimamente relacionados ao comportamento manipulador do agressor. O acompanhamento psicológico, por sua vez, terá como objetivo principal trabalhar a auto-estima da vítima para que se sinta confiante novamente e merecedora de uma vida digna, de modo que consiga tomar decisões satisfatórias e ter atitudes mais assertivas.

Abaixo, temos alguns serviços importantes para ajuda imediata em caso de violência doméstica

  1. Para Casos Emergenciais – Disque 999 (Polícia), digite 55 se não puder falar por estar em perigo iminente (a polícia será avisada para socorrê-la).
  2. Para Registro de Ocorrências – Disque 101 (Polícia).
Lisete Pinzon
Lisete Pinzon

Psicóloga, Chartered Member da Sociedade Britânica de Psicologia (CPsychol), Especialista em Neuropsicologia, Mestre em Psicologia Clínica.

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